terça-feira, dezembro 28, 2010

Palavras, apenas....

Hoje a minha amiga Fernanda disse que estávamos certas. E eu concordo com ela. Ela disse que estávamos certas nessa coisa de ser meio torta, meio a gente. E é difícil, pessoas. Como é. Dói. Cansa. Revolta. Mas a gente segue nossa existência tentando ser a gente mesmo e não um pastiche de pessoas. Cheias.... de idéias, de coragem, de trabalho, porque levar uma vida meio fora do comum dá uma trabalheira danada.

Tenho tentado me ocupar. Dias de muito trabalho. Seguido de dias de ócio. E eu não gosto do segundo. Já estou na metade de um livro. Vi um milhão de filmes. Fiz uma visita porque eu não tenho mesmo para onde ir. E fico divagando sobre situações dos filmes e revoltada, em alguns casos.

E quando não me sobra nada para fazer, inclusive jogar à exaustão o jogo do CSI eu me permito pensar em você, mocinho. Não me lembro se já te listei na minha listas de meninos. É que eu queria resolver essa coisa que existe na minha cabeça logo. Dizer que você foi, de longe, o melhor de 2010. E isso, considerando a minha nota alta de corte é um feito e tanto.

Tenho tendência a achar as pessoas estúpidas. E não me interessar por elas, a maior parte do tempo. Mas com você foi diferente. Foram as horas (talvez 12, não me lembro bem) mais longas da minha vida. Eu nunca esperei tanto por um beijo. Nunca participei de um jogo de tão alto nível. E olha que não sou dada a jogos. Prefiro viver e sangrar, a jogar e não ter o resultado disso.

Acho que nunca desejei alguém tão imediatamente como eu desejei você. Mas isso já ficou no passado e distante. E eu gostaria de deseja-lo mais e mais e mais, porque eu sou inteira e não gosto das coisas pela metade. E quando digo isso, é mesmo porque gosto de todas elas bem resolvidas e ditas. É assim que funciona para mim, não deve ser para você, mas enfim... eu gostaria de dizer, de sorrir ou de sangrar.

Sim. Eu sou dada a hipérboles também. E isso tudo pode não passar de uma historinha super criativa da minha cabeça regada à fantasia e contos de horror. Mas eu gostaria de pegar, falar sentir, sorver, tudo novamente e até o fim. Nem que por uma noite apenas, ou por toda a vida ou por quanto tempo merecermos. Mas não há de ser tão pouco quanto a outra noite. E há de ser por inteiro. Por favor!

Mas eu também sei como essas coisas funcionam. E se eu fico pedindo respostas a você ou ao universo, provavelmente eu devo recebe-las de maneira silenciosa, como você vem agindo. Nenhuma palavra... zero... deve ser isso à resposta dos céus aos meus anseios de vê-lo de novo ao meu lado e sentir seu lábio doce colado ao meu lábio.

Não queria terminar o ano com essa história mal resolvida na minha cabeça. Há também a possibilidade de que esse problema só exista dentro dela. Mas eu gostaria de te dizer tudo isso. E continuar sendo eu. Eloqüente. Mas eu. Torta. Mas eu. Eu e com você do meu lado.

Pode ser Sr. 2011?

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Colo


Minha mãe sempre me diz coisas como: não chute o pau da barraca antes de conversar e tals, mas ela mesma é uma grande chutadora de paus de barraca e daí onde devo me espelhar?!?! affff!!!

Hoje eu não faço a menor idéia de onde é que foi parar a porra da minha sanidade. Mas em algum lugar ela deve estar, afinal, se bem me lembro, em outros carnavais, vivenciando uma situação como a de agora, eu já teria mandado tudo pro inferno, com direito a passagem só de ida e choros abissais no dia seguinte. Mas estou controlada.

Não, não me sinto salva. Não me sinto menos dolorida do que ontem, mas o fato de ter conseguido dormir sem dar aquele pontapé final foi bom pra mim. Evitou uma grande dor de cabeça nesta quinta-feira. Mas até quando me manterei sã o suficiente pra segurar na unha a vontade de ir lá, gritar com ele, sacudir seus ombros e não mais implorar por uma declaração ou uma simples demonstração calorosa de afeto?

segunda-feira, novembro 22, 2010

superlativos

"...we both know hearts can change
and it's hard to hold a candle
in the cold november rain..."
guns'n roses, november rain



Até onde eu me lembro, toda mocinha que morava na minha rua queria casar. Eu devia querer, também, mas disso eu não me lembro. Minhas lembranças acerca de casamentos são turvas, um pouco viciadas, até. Sempre associei esse contrato civil entre duas partes com infelicidade: vovó tinha um casamento de aparências, mamãe - outra geração, mais suporte e mais coragem - mandou o dela às favas, antes que se tornasse uma grande dor de cabeça (e quem conhece meu pai tem idéia do potencial que a relação tinha pra descer ladeira abaixo!). Minhas tias, ou vivem relações mal resolvidas e mantidas pelo conforto e a comodidade, ou foram saídas de relações que, ainda hoje, são mal resolvidas. Minha geração da família, depois de tanto bom exemplo, acho que desistiu da vida. Saímos da casa dos pais, temos filhos, carro, empregos respeitáveis e somos todos solteiros convictos!
Definitivamente não daria pra me culpar por achar que a instituição casamento está à beira da falência, dado o extenso e fracassado histórico familiar, mas o que me estressa não é o fato de conhecer uma penca de gente de meia idade afundada em relacionamentos pouco satisfatórios, isso era até de se esperar. O que me exaspera é perceber pessoas como eu, pessoas que querem e merecem ser felizes - gente que paga impostos, não joga lixo na rua, que para o carro no sinal vermelho, que tem amigos de infância, que fica mais de 4 anos no mesmo emprego - chegarem à brilhante conclusão de que, nesses tempos difíceis, ganhar dinheiro é mais importante que ser feliz, e que é normal estar numa relação com alguém que te leva nessa direção!
Eu nunca tive a pretensão de entender as motivações da humanidade, mas - PORRA! - não pensei que as pessoas fossem tão estranhas! E tudo isso em nome do casamento??? Tipo, "você pouco se importa se eu sou feliz, mas tudo bem porque nós somos casados e a minha vida vai continuar a ser miserável, já que o que Deus (e ainda colocam o santo nome de Deus no meio!!!) uniu, homem nenhum separa". Eu nunca, NUNCA vou entender - e, nesse caso, NUNCA não é tempo demais! Acho que a minha resistência não é trauma pelos dramas familiares, mas um tipo de prevenção contra a hipocrisia.



"...it's a bitch, but life's a roller coaster ride
the ups and downs will make you scream sometimes
it's hard believing that the thrill is gone
but we got to go around again, so let's hold on
if you don't love me - lie to me..."
bon jovi, lie to me


quarta-feira, novembro 17, 2010

Ele, Eu e Um dos outros

E você ainda faz questão de agir como se o erro fosse meu. Como se eu fosse a maior causadora dos males da humanidade. Sua hipocresia está fazendo crescer uma ferida de desolação tão grande em mim, que daqui a pouco não serei mais de mim. Serei apenas uma resposta pronta às tuas grandes malcriações. Se o ser humano tivesse alguma consciência real do mal que pode causar a outros...

***

Mas... E quanto a mim? como fico no meio de tanto moralismo imposto por mim? Eu?? Sim, você mesma, Camila, dona da verdade absoluta, que grita ao telefone... confesse teus deslizes irrecuperáveis e veremos se há salvação. Você age como ele. Não cobre tanto e não use essas desculpas pra cometer seus pequenos delitos fantasiados de vingancinha barata.

***

Já o outro... quanta decepção! Fico espantada por ainda decepcionar-me. Quantos tapas na cara terei que tomar pra finalmente perceber o quanto ele não merece nem 5 minutos da minha atenção? Preciso levar quantos ainda? Meu Deus! O espanto é por perceber o quanto ele pode ser cruel, de novo. Quando acho que já vi de tudo, vem ele e me mostra mais uma das suas odiosas faces. Me faz engolir mais um de seus gostos amargos. Tá, eu sei. Tais condutas não deveriam me causar nenhum espanto, não mesmo. Mas causam. Bom, pelo menos meu consolo é que apenas me espanto e não mais me machuco.

***

"Essa noite não vou te abandonar
Encostado
Com os pés enroscados
Aos pés da mesma mesa
Que um dia te serviu
Quando outro amor partiu

Nem precisa se explicar
O seu prato tá feito
Pra quando você chegar
E chorar, e deitar
Depois se lamentar no meu peito"

A Porta
Meg Stock



quinta-feira, novembro 04, 2010

POLAROIDS

GATA E RATO



exercita a paciência
guarda os pulsos pro final
saída de emergência
pitty, pulsos





A situação é típica, e trágica: ela é linda, inteligente e acidinha, ele é confuso, gente boa e completamente míope - meio retardado, talvez. Ele não sabe direito quem é, ela está determinada a descobrir. Ela vai se apaixonando, quase sem querer, ele vai dando corda, pra no fim se enforcar. Ela sabe o que quer, mas é mulher: tenta não ter toda iniciativa, tenta não se expôr demais, e não consegue nada disso. Ele sabe o que não quer, mas rato é rato: covarde, dá voltas, se esconde. Ela desencanta, antes da derradeira covardia. Ele se distrai com qualquer porcaria. Ela o odeia, por quase um segundo, depois deixa pra trás: virou história, virou memória, pra um dia e não mais.





SOBRE NÓS DOIS, SEM O RESTO DO MUNDO



eu que sei tão pouco de você
e você que teima em me querer
ana carolina, entreolhares




Ela o ama, mas ele dorme em outra cama. Milhares de dias se passaram entre juras de amor eterno e certezas inabaláveis, entre esperanças e sobressaltos, entre ânsias e anseios. A Terra vira de cabeça pra baixo, mas eles estão lá, firmes, pois seu planeta é outro, uma realidade paralela, um mundo bizarro. Um apartamento cheio de lembranças, e não se dão conta das infiltrações no teto, dos cupins nos móveis, do mofo nas paredes, da poeira se acumulando nas memórias. Não percebem que as fotos estão perdendo a cor, como os momentos que passam a olhar um nos olhos do outro sem enxergar mais ninguém. Ele tem nome, sobrenome, uma rotina pesada e tudo aquilo que se pode chamar de vida, ela resolveu que melhor seria vivê-lo e não sabe mais quem é a pessoa do outro lado do espelho. O mundo está em guerra e ela ainda está buscando o pote de ouro que fica no final do arco-íris.











(DES)ENCANTADO


nada, nada vai resolver
porque tudo, tudo me traz você
e eu já não tenho pra onde correr
leoni, 50 receitas



O que a fascinava era a possibilidade daquilo se perder, escorrer pelos dedos. Era o tanto de perfeição que nunca pensara em ter, mas volátil, pronto pra explodir e transformar sua grande satisfação em pedacinhos cortantes de mágoa. Arrebatador, mas de mão única. Era uma dedicação conjunta, por motivos individuais. Faziam dar certo, sempre deu certo. O que a fascinava, de verdade, nem era o risco de tudo acabar, embora ela prefira que pensemos assim, o que a encantava era aquele cinismo charmoso, aquela ironia toda, o jeito de dizer as piores coisas como se fossem corriqueiras, de transformar o que era chocante em usual. O que a prendia era o melhor sexo que já havia obtido, a sintonia de corpos que se satisfaziam simultaneamente, junto com a conversa mais gostosa e a permissividade com que tratavam sua vida em comum. Tinham o mesmo raciocínio rápido, a mesma habilidade com as palavras, um carinho imenso pelo outro e, no entanto, o que separava o bem querer dele e o dela era a linha tênue que separa o cuidado do amigo da paixão do amante. Eles eram pra sempre, cada um do seu jeito. E foram.


...

quinta-feira, outubro 28, 2010

Sobre o amor e a filosofia de Rock Balboa

Ainda bem que nunca disseram que eu pareço uma boneca. Muito menos uma boneca de porcela. Se fosse, a essa altura da história eu já estaria no lixo de tão partida, colada, partida, quebrada e inutilizada. É tanta porrada nessa vida, que eu penso, honestamente, que não vou suportar todo esse turbilhão de coisas que acontecem sempre, de uma maneira tão viciada, que me fazem ter preguiça de existir. Me fazem ter vontade de abandonar a socialização e voltar para o meu quarto e os meus livros como sempre aconteceu.


Hoje eu fui tomada de assalto por uma tristeza tão grande. Eu quase chorei na frente do computador. Na verdade, eu chorei duas lágrimas tímidas enquanto eu assumia para minha amiga que sentia inveja dela e das coisas tortas que aconteciam com ela. Porque é o nada que acontece comigo. Todas as noites, na rotina torpe, seguirei para casa, encontrarei os amigos como se estivesse num pastiche de vida. Meus amigos. E o nada. E o nada é a pior coisa que pode acontecer na vida de uma pessoa.


Não que esteja desfazendo dos meus amigos. Mas eu confesso e assumo que eu gostaria de um pouco de romance na vida. De romance e do jeito que eu gostaria uma vezinha. Gostaria de ser escolhida, uma vezinha. Porque o papel da preterida eu sei de direitinho. Todas as falas. Todas as deixas. Todo o figurino. Tudo...


Eu queria alguém que conseguisse olhar nos meus olhos com a mesma intensidade. Que lesse meus pensamentos, como se ouvisse meus desejos, naquela sintonia que a gente tem quando se apaixona. Eu queria repousar sobre os seus braços novamente, enquanto espero o dia amanhecer lentamente pela janela. Eu queria repousar sobre o seu cheiro no travesseiro. Mas já sabemos que não é possível.


Como a boneca que não sou, vou juntar os cacos que sobraram de mim e tentar colar de uma maneira a ser mais resistente menos vulnerável. Mas eu não desisto. Eu sei que o mundo não é feito de arco-íris. O Rock Balboa me disse. Ele disse também que a vida é um lugar ruim e duro. “E não importa o quão forte seja, vai colocá-lo de joelhos e vai deixá-lo lá. Ninguém vai bater mais forte que a vida. Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha."

domingo, outubro 24, 2010

INSTANTÂNEOS DAS NOSSAS HISTÓRIAS

Chegamos aos 30, nós 3. E aí, parece que, de repente 30! Não foi assim, claro. A gente já se fodeu muito por essa vida - e já gozou horrores, vamos combinar! Mas não estamos satisfeitas: somos inconformadas crônicas, rebeldes com causas perdidas, exigentes à beira da histeria. Falo com conhecimento de causa, das 3! E falo muito mais por mim: arrumo defeito em tudo, só vejo graça naquilo que não vai dar certo e é fato que a gente tem um alarme interno que toca uma sirene ensurdecedora quando estamos diante de algo que não vai dar certo. E meu alarme não veio com defeito (nem os delas, tenho certeza), a fábrica não tem culpa. Mas tudo é a maldita teimosia! O alarme toca, as luzes piscam, e eu ignoro solenemente todos os avisos - nós ignoramos!


Passamos tempo demais sonhando com um príncipe para percebermos que ele pode estar escondido atrás de um sorriso cínico, ou de uma personalidade crítica demais. Buscamos uma perfeição que nós não temos, um cavalo branco e armadura dourada - não raro nos contentamos momentaneamente com ogros, mas mesmo eles dão trabalho! Anos e anos de experiência em fracassos retumbantes são incapazes de melhorar nossa performance, acentuam a miopia afetiva e nos empurram rumo ao abismo existencial. E uma melancolia profunda nos leva pra cama mais cedo, a cada sexta a noite.











Hoje percebo que cada uma está metida em seus dramas pessoais, entrelaçados por assuntos comuns. Eu penso que sou mais prática, vou lá e vivo o que for necessário - justamente por isso me esborracho mais vezes e vivo enchendo o saco, os olhos e os ouvidos delas com histórias repetitivas. Mesmos padrões, milhares de similaridades. Elas também se repetem, não sei como não reiventamos a nós mesmas já que somos mulheres maravilha em nossos espaços, coringas quando ninguém mais tem soluções mirabolantes pra empresa, pra família, pra infiltração que destrói há meses as paredes do apartamento. E nós 3 analisamos. Incansavelmente. Da mesma forma que perco o tempo aqui, buscando motivos, elas rolam pra todos os lados, com ou sem paciência, querendo respostas.

Eu gosto do meu quarto

Do meu desarrumado

Ninguém sabe mexer

Na minha confusão

É o meu ponto de vista

Não aceito turistas

Meu mundo tá fechado

Pra visitação... (Danni Carlos)

As vezes acredito que não crescemos, não estamos prontas para aceitar algo que não seja platônico. Que só desejamos o ideal pelo simples fato de sabermos que isso não existe. Temos preguiça de gente, e somos 3 pessoas difíceis. Descoladas, NERDS, agitadas, mais comprometidas profissional do que afetivamente, com altos e baixos separados por abismos que ninguém consegue transpôr. Olho pro espelho e me pergunto onde está a guria que, faz 10 anos, topava correr atrás do que pensava ser amor. Imagino a razão para elas - profissionais de sucesso, mulheres lindas e absurdamente interessantes - travarem se não há um tapete vermelho estendido. Vamos atrás de tudo o que queremos, mas nossos objetos de desejo romântico são capazes de nos fazer congelar. Elas são minhas amigas e eu não as conheço como deveria, elas não se conhecem como deveriam e eu continuo sendo um mistério pra mim mesma.

Um caso perdido...

sábado, outubro 16, 2010

"Estranho seria se eu não me apaixonasse por você"

Basta um som. Uma nota mais extensa de algum instrumento doce de ouvir. Sinos... Pianos... Violinos... Te ouço em tudo. Te sinto ainda mais. Correr parece inútil.

Tentei fugir. Juro que em mim estava evidente a certeza de que fugir era o mais correto a ser feito... mas não consegui. Quem disse que o correto é mesmo o que deve ser feito?

Tentei te apagar, ignorar sua existência... inutilmente. Salivo, fervo, ardo. As pontas dos meus dedos formigam só de pensar nos seus braços. Um fino fio de arrepio sobe pela minha nuca quando penso nela umedecida depois de um beijo seu. Quando penso nos seus olhos fechados, enquanto te olho de cima, deitado em meu colo.

Seria mais fácil pra mim, pra vida, pra você, pra ordem já tão caótica das coisas... seria melhor para todos se eu não tivesse me apaixonado perdidamente por você. Mas é só fechar os olhos que sinto seu corpo espalhando-se por cima do meu.

Pensar em me afastar é pecar. É sacrificar a nós mesmos. É arrancar - a força - de dentro de mim o que eu já sinto e não me sinto no direito de fazer isso conosco.

Eu quero você. Eu desejo você. Eu vou correr pra você. Te beijar até não perder as forças. Queimar meus lábios nos seus. Manter minha ebulição fervilhando. Manter minhas pernas tremendo. Vou me dar pros seus braços decidirem o que fazer de mim.

segunda-feira, setembro 20, 2010

Lantente pela pele... pela carne... até o último fio do meu cabelo longo

As vezes olho intimamente pra dentro (e não acho que devesse ser só as vezes, mas sempre), e nessas horas em que olho, geralmente, emputeço quando deparo com o constante ciclo, o asmático empobrecimento do coração, o grito latente e permamentemente engasgado.

São muitas em mim, muitos pesares, adeus que eu não quis dar, nem receber, poeira e cacos. Por todos os lados são flocos de saudade, emaranhados em fios, linhas, barbantes, pés cansados em salões de baile, gelo e açúcar em copos e bocas sedentas.

Não me olho intimamente há tempos. Tempos de não olhar. De apenas fechar os olhos para contemplar poças vazias. Infinitamente, Irritantemente. Meus medos tomando forma, gostos ácidos, ganhando espaços dentro de mim, roubando brilho e vitalidade, já tão comprometidos.

Espalham-se em mim delicadas incertezas, urgentes promessas, meu amor às bicas, aos berros. Sou desenlace de mim, gostos e cicatrizes marcadas nas mãos, no inclinar do dorso, no olhar aflito e quase... quase destroçado.

Perdões, horas, sinceridades. Um beijo e partes de mim entregues ao acaso.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Fragile

Nossos sonhos voam alto, pra estourar no céu. Longe de serem marcantes, como fogos de artifício, pros outros são frágeis feito bolas de sabão. As perspectivas, sendo bem realista, vão pelo mesmo caminho. E as histórias a dois, os momentos... O que pra nós tem a significância de uma vida, pro próximo é quase transparente, é insosso, praticamente. Nossos dramas parecem, pra quem olha de fora, um série de gosto duvidoso, ou um sucesso de bilheteria, igualmente inverossímil.







Apesar de guardá-lo há tantos anos no coração, pergunto-me a validade de amá-lo incondicionalmente, embora a resposta não seja determinante para arrefecer o sentimento. Sinto me nascida do lado errado de sua vida e sigo deste lado, à margem dos acontecimentos. Todos os que vem, e vão, também me parecem bolhas soltas ao vento. Observo o dia a dia como se meu não fosse, com os olhos de alguém isento de sentimento, e sentido. Os momentos com ele é que são únicos, e pontuados por fortes e belos fogos de artifício. E aquela dorzinha no estômago, característica dos que esperam.




"...I had sworn to myself that I'm content
with loneliness
because none of it was ever worth the risk
you are the only exception..."
Paramore



E a gente se sente meio idiota. Seja dedicando tempo e esforço ao que não existe efetivamente, seja disperdiçando o tempo dos outros com o que não queremos que exista, a gente banca o idiota. Na falta de algo melhor pra fazer, fazemos besteiras como tentar eternizar bolhas de sabão, ou prendê-las entre os dedos, ou fazer com que elas pareçam, aos outros, mais do que realmente são.

terça-feira, setembro 07, 2010

Run, baby, run...

"... I don't wanna wait
for our lives to be over
I wanna know right now
what will it be..."
Dido





É sobre se permitir. Melhor, é sobre não se sabotar! Sobre deixar a vida seguir sem tentar cortar os momentos, bons ou maus. Sobre tirar o pé do freio e abrir caminho para a aproximação de um outro ser. E é sobre ter pressa, sim! Sobre querer tudo ao mesmo tempo, agora! Tem momentos em que a ansiedade não tem que ser combatida, em que a gente tem que parar de podar a espontaneidade: se alguém entra, sem bater, e faz uma bagunça na sua vida, nem que seja por um dia, bem... aproveite!

Ele veio, acho que uns quinze anos depois. Disposto a uma noite de risos e algumas cervejas com uns amigos, acabou sendo surpreendido por um bolo fenomenal dos rapazes, e se viu sozinho com a menina do grupo. Teve uma noite agradável com cores e sabores conhecidos, com clima estranho e um desfecho inesperado. Ela não soube se era o momento certo, ou se havia dezoito anos de atraso. Não quis saber. Aproveitou.




I Don't Want To Wait
Dido

So open up your morning light,
And say a little prayer for I
You know that if we are to stay alive
Then see the peace in every eye...
She had two babies, one was six months, one was three
In the war of '44...
Every telephone ring, every heartbeat stinging
When she thought it was God calling her
Oh, would her son grow to know his father?
I don't want to wait for our lives to be over,
I want to know right now what will it be
I don't want to wait for our lives to be over,
Will it be yes or will it be...sorry?
He showed up all wet on the rainy front step
Wearing shrapnel in his skin
And the war he saw lives inside him still,
It's so hard to be gentle and warm
The years pass by and now he has granddaughters
You look at me from across the room
You're wearing your anguish again
Believe me I know the feeling
It sucks you into the jaws of anger
So breathe a little more deeply my love
All we have is this very moment
And I don't want to do what his father,
And his father, and his father did,
I want to be here now
So open up your morning light,
And say a little prayer for I
You know that if we are to stay alive,
Then see the peace in every eye...
So open up your morning light,
And say a little prayer for I
You know that if we are to stay alive,
Then see the love in every eye...

segunda-feira, setembro 06, 2010

Desde sempre.

Tem coisas que estão em nós, queiramos ou não: a vergonha dos cabelões e da maquiagem OVER dos 80's que geral usou, mas nega!, as músicas de corno do Journey, do Aerosmith e do Bon Jovi, a vontade de encontrar a pessoa certa... O problema á que o Journey acabou, o Aerosmith é uma lembrança do que era e o Sambora virou um clone mal acabado do Jon Bon Jovi, todo o laquê do mundo foi consumido nos anos 80 e, graças a Deus, ombreiras são só uma lembrança ruim! Com tudo o que amamos em segredo extinto ou em franca decadência, quem diz que o conceito de alma gêmea poderia parecer viável?

Desde sempre eu pensei em uma cabana, um violão, leite e mel e um pouco de atenção. Um lenhador, marceneiro, sei lá! Alguém que usasse as mãos para seu sustento, rústico e, ainda assim, suave. Lindo, bronzeado, um pouco alto. Banho de rio, uma estante de livros, tortas de morangos silvestres quentinhas, talvez alguma neve no inverno. Desde sempre achei que fosse ser à primeira vista. Desde sempre soube que me enganava voluntariamente. Desde sempre achei que deveria alimentar a utopia pra sobreviver a esse mundo cruel e achei que iria ter algo próximo do meu sonho, guardadas as devidas proporções.



Ledo engano. O amor da minha vida se materializou num espírito metrossexual, cretino, cosmopolita, refinado. Estatura mediana, pele negra, sorriso cativante e que gosta tanto de trabalhos manuais quanto eu gosto de jiló. Que toca violão tão bem quanto bem quanto o cachorro de estimação do meu melhor amigo, que não é lindo ou forte, mas é perfeito, pra mim... Nos meus pensamentos. Desde sempre eu sabia que não seria fácil, e ele esteve comigo, mesmo assim. Mesmo agora, depois de a carruagem ter virado abóbora, insisto em acreditar e penso que não acabou. Há coisas que fazem parte de quem somos, como a vontade de dançar toda vez que toca "What a Feeling", a mania de enfiar o dedo no pote pra comer iogurte ou a esperança de encontrar o princípe encantado, mesmo sabendo que ele vai virar um sapo depois do primeiro beijo.





"...De onde vem o jeito tão sem defeito?
Que esse rapaz consegue fingir..."
Los Hermanos

sábado, setembro 04, 2010

Cansei...

"...If you see us on the club we'll be acting real nice
If you see us on the floor you'll be watching all night
We ain't here to hurt nobody..."
Timbaland featuring Nelly Furtado & Justin Timberlake



Nem me pergunte o que as pessoas esperam de nós. Ou o que preferem. Ou qualquer coisa sobre a opinião alheia. Não só não me interessa - já que não vai me fazer mudar um fio de cabelo - como me estressa, já que ninguém sabe bem o que quer da vida! Hoje a paciência não está pra entender maluco, e todo mundo é um maluco em potencial! É muita coisa mudando de uma hora pra outra, é muito pré julgamento...

Ser quem a gente é tem um preço. É engraçado, ainda hoje, olharem torto pra uma menina sozinha com um cigarro aceso e uma cerveja na mão. Impressionante como duas ou três mulheres juntas, num bar, conversando amenidades, bebendo e matando o tempo são imãs para idiotas que pensam que qualquer mulher sozinha/desacompanhada de um macho que queira se divertir é uma presa em potencial, desesperada pra arrumar a companhia de um troglodita desinteressante. Não sei se eles fazem isso de propósito, mas ser troglodita, ou ogro, em certa medida, não incomoda tanto, mas desinteressante...? Tenham piedade de nós, rapazes! Gente desinteressante é pior que óleo de fígado de bacalhau! É triste ter que se virar num sorriso amarelo, é quase indecente responder com o mínimo de educação a uma cantada idiota, é um crime perder tempo com um homem que olha pra uma mulher como se ela fosse um pedaço de carne no açougue só por ela não ter um outro homem pendurado no pescoço...

E tem que ser mil vezes mulher pra se contentar em estar só e não querer estar mal acompanhada, não aceitar companhia ruim como não aceitamos vinho barato! Não rola se divertir pouco e ter muita dor de cabeça - custo/benefício nada atraente. Tudo bem que tem gente que curte uma onda de masoquismo e fica com qualquer idiota pra se livrar das noites solitárias e da cobrança inevitável daquela tia feia, mãe da sua prima puta que dá em cima de todos os seus namorados, que pergunta sempre se você usa a desculpa da independência por não ter arrumado um marido, mas nem é todo mundo que ainda vive em mil e oitocentos, né?

Acho que todo mundo já devia ter se dado conta de que precisa de mais do que uma história pré fabricada, que não é impossível ser feliz sozinho e que tudo isso é uma baboseira que inventaram para vender música de corno, filme água com açúcar. E certos homenzinhos deviam se permitir crescer e perceber que mulheres sozinhas ou em grupo só de mulherzinhas muitas vezes querem ficar sozinhas mesmo, querem tomar uma cerveja, jogar conversa fora, falar mal da roupa alheia e, não raro, rir da cara dos idiotas que estão sentados na mesa ao lado, babando, crentes que são OS caras. Elas costumam comentar que alguém que não consegue se segurar geralmente tem um órgão sexual risível e, quando são abençoados pela natureza com algo que preste, não sabem usá-lo, ou não estariam se matando pra chamar a atenção do gênero oposto quando são acintosamente ignorados.

Ser mulher tá ficando difícil - e, sem ter outra opção, me resta ficar irritada. Antes era bacana estar com só as amigas e perceber a comoção que isso desperta, não mais. Sei que minha indignação é produto do cansaço, ou eu levaria na boa e me contentaria em considerá-los imbecis em silêncio, mas a humanidade tem me dado preguiça. E o gênero masculino anda me decepcionando mais que o esperado, já que nunca vou entender homens entre os trinta e os quarenta agindo como moleques. Até o meu idiota pessoal tem passado dos limites, e não há muito o que fazer a não ser vir aqui reclamar de que não posso tomar minha cerveja em paz...

quarta-feira, setembro 01, 2010

Mazelas de mulherzinha

Dizem que nós, mulheres, somos feitas de açucar e afeto. Mentira! Somos feitas de adoçante e chocolate meio amargo, isso sim! Além da ditadura da beleza ser um prego no calcanhar, todos os dias temos que lidar com muitas outras questões inerentes... Ser linda, ser legal, ser magra, ser companheira, ser bem humorada, ser boa de cama, ser bacana, não pegar no pé... Ah! quanto podemos aguentar?

Somos tão suscetíveis a cabeçadas inacreditáveis em pisos de piscinas vazias, nos arremessamos de prédios enormes e imaginários, gastamos horas de paciência e quilos de maquiagem pra engolir a seco todo tipo de vodka e patifaria que a alma masculina venha a inventar. Sim! porque eles são peritos em nos foder a mente! (ainda se fosse só o corpo...).

Mas estas somos nós... Todos pagando de mulherezinhas abandonadas e nos culpando interminavelmente pelos erros não cometidos. Somos todas as Marias, todas as Fernandas e todas as Camilas exalando desejo, querendo amar, prontas pra ser amada por dentro e por fora, por cima e de lado, mas não adianta.

Somos nós... Fortes e tolerantes... na medida do impossível. Somos nós. Mulheres guerreiras, que arrebentam a boca do balão, mas que caem em choros inconsoláveis atrás do volante do carro, sempre que algo dói e tudo que nos resta é dirigir de volta pra casa, com medo, raiva e vontade de dormir por 35 horas.

Dormir e acordar pra uma realidade dura e cheia de mazelas parece ser a prece do dia, para a qual todas nós devemos nos curvar, chorar e orar, enquanto rejeitamos doces e mousses, e pedimos encarecidamente aos céus: Deus, que o canalha que cruzar meu caminho hoje seja um pouco menos cruel do que o que cruzou no mês passado. E que meu colo siga quentinho e aconchegante, que eu me mantenha magra, linda, paciente e disposta com homens errados. Amém.

O som e a Fúria

Somos todos um grande coração, batendo desesperados, jorrando lágrimas... Eu enlacei, doei, sorri, beijei com toda força dos meus pulmões, olhava pra ele e ia cada vez mais forte e com mais força.

Estava acelerada, absurdamente envolvida, achando o sorriso dele a coisa mais perfeita de todos os tempos. Estava tão envolvida a ponto de rasgar meus papéis velhos, minhas fotos antigas, minhas lembranças em preto e branco... Mas ontem, pouco antes do mês de agosto dizer adeus, lá pelas 21h uma revelação paralisou meus impulsos... Ah!!!

Eu ali, sentada na cadeira bacana daquele bar descolado... ele ali a meu lado, e... travamos. Porque? Porque? Pra que? Eu quis correr desesperadamente pro colo da Fê, minha companheira aqui neste blog ou pro colo da Rê, minha irmã mais nova-mais velha, sempre com conselhos afiados e potentes.

Olha, juro, tinha um viço tão delicioso nos meus olhos, na minha pele, uma corrente elétrica correndo coluna abaixo, por pernas, braços e quadril... Um fogo, um arrepio, uma vontade, uma métrica afinando o barulho do mundo... E de repente...

Tudo que pôde se ouvir foi o estatelar da vidraça no chão. E os cacos seguem caindo agora, cortando, estatelando, estilhaçando no chão.



Nota Mental: PQP! porque ainda deixo coisas assim doerem em mim? Achei que agora, no alto dos meus 29 anos já fosse hora de parar com tantos desenganos... Porra! E quer saber? Talvez existam músicas que possam explicar o que houve, talvez soe mega batido, e talvez eu que seja uma eterna romântica idiota!

O beijo dele me entorpeceu... Não foi como os últimos beijos que andei dando por bares e encontros furtivos e enlouquecedores. Deliciosos, confesso, mas desde meados de janeiro que eu não sentia esse calor subindo pela dorsal... Formigando a ponta dos meus pés, arrepiando os fios novos na nuca. Foi tão bom sentir isso... Um envolvimento a este nível é tão raro... Tão enlouquecedor... E hoje... setembro começou com um gosto de desilusão.

sábado, agosto 28, 2010

Quando caem as máscaras

Muitos disfarces. Sem se reconhecer no espelho, a gente vai colocando mais maquiagem pra disfarçar o que foi borrado pelas lágrimas. Sem perceber, fica com o rosto de outra pessoa, assume outra persona, veste o cinismo alheio pra se proteger sabe lá de que. Não dói cair na real. Quer dizer, dói, mas a dor é suportável, ou não estaríamos todos por aqui. Dói, mas não mata, acho que é isso... Só não entendo o motivo de se ter tanto medo da dor a ponto de assumir outra vida para não encarar os percalços da sua. Mesmo que eu faça isso, sistematicamente, continuo sem entender.

A última foi boa: ele, resumindo bem a ópera, lança desconfianças sobre o meu caráter por eu ter agido exatamente como agiria!

Você não processa bem quando e por que essas coisas acontecem. Minha primeira reação é fazer a digna: engolir em seco, fingir que "Hey, você é um escroto, mas eu convivo bem com a sua cretinice!" e ir pra casa em cima do maldito salto. Aceitar a companhia dele até o carro e, depois que ele ficar na calçada com aquela cara imbecil de "o que foi que eu fiz de errado", dirigir como se não houvesse amanhã, aumentando o volume do som, de janelas fechadas, gritando comigo mesma e vertendo todas as lágrimas que a hidratação do meu corpo, nesses dias de umidade baixa, permite. E torcendo pra não morrer de ódio, já que tem momentos em que a dor no peito pelo seu execesso de auto comiseração alcança níveis de um ataque cardíaco!


A segunda reação é contar pras amigas, caprichando nos detalhes sórdidos, pra que elas o odeiem tanto quanto eu o odeio nos últimos 50 muinutos. Desabafar para que o veneno saia e possa voltar a amá-lo em alguns dias, mesmo sabendo que o merecimento do desgraçado é inversamente proporcional à minha propensão em perdoar faltas graves. Em 2 ou 3 dias já estou convencida de que sou apaixonada pelo pacote todo e que, fosse menos babaca, talvez eu não o amasse tanto. Não dou o braço a torcer. Não ligo e não atendo o telefone, mas já estou muito mais aberta a admirar aquele sorriso cafajeste como se fosse uma expressão angelical, outra vez.


A gente usa todo tipo de artifício para fingir que o último furacão não passou de uma pequena ventania, que exagerou, que devia ter contemporizado. Passa a se culpar pela falta de tato e pela hipocrisia do outro. Depois de ter se exposto, de ter doado, de ter tentado andar na linha, fazer as vontades alheias, agradar ao outro sem levar em conta nossas vontades, a gente se culpa pela falta do outro!

A gente vê, claramente, quem a pessoa é, por alguns minutos e depois parte para buscar as desculpas mais estapafúrdias para um comportamento que não demonstra qualquer coisa que não indiferença, e em alguns casos, desrespeito. Depois de tudo a gente fica como estou, agora, perdendo tempo tentando entender o motivo das máscaras. Das dele, e das minhas.


"We never talked about it
but I hear the blame was mine
I would call you up to say I'm sorry
but I wouldn't wanna waste your time..."
Phil Collins - Do You Remember