segunda-feira, setembro 20, 2010

Lantente pela pele... pela carne... até o último fio do meu cabelo longo

As vezes olho intimamente pra dentro (e não acho que devesse ser só as vezes, mas sempre), e nessas horas em que olho, geralmente, emputeço quando deparo com o constante ciclo, o asmático empobrecimento do coração, o grito latente e permamentemente engasgado.

São muitas em mim, muitos pesares, adeus que eu não quis dar, nem receber, poeira e cacos. Por todos os lados são flocos de saudade, emaranhados em fios, linhas, barbantes, pés cansados em salões de baile, gelo e açúcar em copos e bocas sedentas.

Não me olho intimamente há tempos. Tempos de não olhar. De apenas fechar os olhos para contemplar poças vazias. Infinitamente, Irritantemente. Meus medos tomando forma, gostos ácidos, ganhando espaços dentro de mim, roubando brilho e vitalidade, já tão comprometidos.

Espalham-se em mim delicadas incertezas, urgentes promessas, meu amor às bicas, aos berros. Sou desenlace de mim, gostos e cicatrizes marcadas nas mãos, no inclinar do dorso, no olhar aflito e quase... quase destroçado.

Perdões, horas, sinceridades. Um beijo e partes de mim entregues ao acaso.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Fragile

Nossos sonhos voam alto, pra estourar no céu. Longe de serem marcantes, como fogos de artifício, pros outros são frágeis feito bolas de sabão. As perspectivas, sendo bem realista, vão pelo mesmo caminho. E as histórias a dois, os momentos... O que pra nós tem a significância de uma vida, pro próximo é quase transparente, é insosso, praticamente. Nossos dramas parecem, pra quem olha de fora, um série de gosto duvidoso, ou um sucesso de bilheteria, igualmente inverossímil.







Apesar de guardá-lo há tantos anos no coração, pergunto-me a validade de amá-lo incondicionalmente, embora a resposta não seja determinante para arrefecer o sentimento. Sinto me nascida do lado errado de sua vida e sigo deste lado, à margem dos acontecimentos. Todos os que vem, e vão, também me parecem bolhas soltas ao vento. Observo o dia a dia como se meu não fosse, com os olhos de alguém isento de sentimento, e sentido. Os momentos com ele é que são únicos, e pontuados por fortes e belos fogos de artifício. E aquela dorzinha no estômago, característica dos que esperam.




"...I had sworn to myself that I'm content
with loneliness
because none of it was ever worth the risk
you are the only exception..."
Paramore



E a gente se sente meio idiota. Seja dedicando tempo e esforço ao que não existe efetivamente, seja disperdiçando o tempo dos outros com o que não queremos que exista, a gente banca o idiota. Na falta de algo melhor pra fazer, fazemos besteiras como tentar eternizar bolhas de sabão, ou prendê-las entre os dedos, ou fazer com que elas pareçam, aos outros, mais do que realmente são.

terça-feira, setembro 07, 2010

Run, baby, run...

"... I don't wanna wait
for our lives to be over
I wanna know right now
what will it be..."
Dido





É sobre se permitir. Melhor, é sobre não se sabotar! Sobre deixar a vida seguir sem tentar cortar os momentos, bons ou maus. Sobre tirar o pé do freio e abrir caminho para a aproximação de um outro ser. E é sobre ter pressa, sim! Sobre querer tudo ao mesmo tempo, agora! Tem momentos em que a ansiedade não tem que ser combatida, em que a gente tem que parar de podar a espontaneidade: se alguém entra, sem bater, e faz uma bagunça na sua vida, nem que seja por um dia, bem... aproveite!

Ele veio, acho que uns quinze anos depois. Disposto a uma noite de risos e algumas cervejas com uns amigos, acabou sendo surpreendido por um bolo fenomenal dos rapazes, e se viu sozinho com a menina do grupo. Teve uma noite agradável com cores e sabores conhecidos, com clima estranho e um desfecho inesperado. Ela não soube se era o momento certo, ou se havia dezoito anos de atraso. Não quis saber. Aproveitou.




I Don't Want To Wait
Dido

So open up your morning light,
And say a little prayer for I
You know that if we are to stay alive
Then see the peace in every eye...
She had two babies, one was six months, one was three
In the war of '44...
Every telephone ring, every heartbeat stinging
When she thought it was God calling her
Oh, would her son grow to know his father?
I don't want to wait for our lives to be over,
I want to know right now what will it be
I don't want to wait for our lives to be over,
Will it be yes or will it be...sorry?
He showed up all wet on the rainy front step
Wearing shrapnel in his skin
And the war he saw lives inside him still,
It's so hard to be gentle and warm
The years pass by and now he has granddaughters
You look at me from across the room
You're wearing your anguish again
Believe me I know the feeling
It sucks you into the jaws of anger
So breathe a little more deeply my love
All we have is this very moment
And I don't want to do what his father,
And his father, and his father did,
I want to be here now
So open up your morning light,
And say a little prayer for I
You know that if we are to stay alive,
Then see the peace in every eye...
So open up your morning light,
And say a little prayer for I
You know that if we are to stay alive,
Then see the love in every eye...

segunda-feira, setembro 06, 2010

Desde sempre.

Tem coisas que estão em nós, queiramos ou não: a vergonha dos cabelões e da maquiagem OVER dos 80's que geral usou, mas nega!, as músicas de corno do Journey, do Aerosmith e do Bon Jovi, a vontade de encontrar a pessoa certa... O problema á que o Journey acabou, o Aerosmith é uma lembrança do que era e o Sambora virou um clone mal acabado do Jon Bon Jovi, todo o laquê do mundo foi consumido nos anos 80 e, graças a Deus, ombreiras são só uma lembrança ruim! Com tudo o que amamos em segredo extinto ou em franca decadência, quem diz que o conceito de alma gêmea poderia parecer viável?

Desde sempre eu pensei em uma cabana, um violão, leite e mel e um pouco de atenção. Um lenhador, marceneiro, sei lá! Alguém que usasse as mãos para seu sustento, rústico e, ainda assim, suave. Lindo, bronzeado, um pouco alto. Banho de rio, uma estante de livros, tortas de morangos silvestres quentinhas, talvez alguma neve no inverno. Desde sempre achei que fosse ser à primeira vista. Desde sempre soube que me enganava voluntariamente. Desde sempre achei que deveria alimentar a utopia pra sobreviver a esse mundo cruel e achei que iria ter algo próximo do meu sonho, guardadas as devidas proporções.



Ledo engano. O amor da minha vida se materializou num espírito metrossexual, cretino, cosmopolita, refinado. Estatura mediana, pele negra, sorriso cativante e que gosta tanto de trabalhos manuais quanto eu gosto de jiló. Que toca violão tão bem quanto bem quanto o cachorro de estimação do meu melhor amigo, que não é lindo ou forte, mas é perfeito, pra mim... Nos meus pensamentos. Desde sempre eu sabia que não seria fácil, e ele esteve comigo, mesmo assim. Mesmo agora, depois de a carruagem ter virado abóbora, insisto em acreditar e penso que não acabou. Há coisas que fazem parte de quem somos, como a vontade de dançar toda vez que toca "What a Feeling", a mania de enfiar o dedo no pote pra comer iogurte ou a esperança de encontrar o princípe encantado, mesmo sabendo que ele vai virar um sapo depois do primeiro beijo.





"...De onde vem o jeito tão sem defeito?
Que esse rapaz consegue fingir..."
Los Hermanos

sábado, setembro 04, 2010

Cansei...

"...If you see us on the club we'll be acting real nice
If you see us on the floor you'll be watching all night
We ain't here to hurt nobody..."
Timbaland featuring Nelly Furtado & Justin Timberlake



Nem me pergunte o que as pessoas esperam de nós. Ou o que preferem. Ou qualquer coisa sobre a opinião alheia. Não só não me interessa - já que não vai me fazer mudar um fio de cabelo - como me estressa, já que ninguém sabe bem o que quer da vida! Hoje a paciência não está pra entender maluco, e todo mundo é um maluco em potencial! É muita coisa mudando de uma hora pra outra, é muito pré julgamento...

Ser quem a gente é tem um preço. É engraçado, ainda hoje, olharem torto pra uma menina sozinha com um cigarro aceso e uma cerveja na mão. Impressionante como duas ou três mulheres juntas, num bar, conversando amenidades, bebendo e matando o tempo são imãs para idiotas que pensam que qualquer mulher sozinha/desacompanhada de um macho que queira se divertir é uma presa em potencial, desesperada pra arrumar a companhia de um troglodita desinteressante. Não sei se eles fazem isso de propósito, mas ser troglodita, ou ogro, em certa medida, não incomoda tanto, mas desinteressante...? Tenham piedade de nós, rapazes! Gente desinteressante é pior que óleo de fígado de bacalhau! É triste ter que se virar num sorriso amarelo, é quase indecente responder com o mínimo de educação a uma cantada idiota, é um crime perder tempo com um homem que olha pra uma mulher como se ela fosse um pedaço de carne no açougue só por ela não ter um outro homem pendurado no pescoço...

E tem que ser mil vezes mulher pra se contentar em estar só e não querer estar mal acompanhada, não aceitar companhia ruim como não aceitamos vinho barato! Não rola se divertir pouco e ter muita dor de cabeça - custo/benefício nada atraente. Tudo bem que tem gente que curte uma onda de masoquismo e fica com qualquer idiota pra se livrar das noites solitárias e da cobrança inevitável daquela tia feia, mãe da sua prima puta que dá em cima de todos os seus namorados, que pergunta sempre se você usa a desculpa da independência por não ter arrumado um marido, mas nem é todo mundo que ainda vive em mil e oitocentos, né?

Acho que todo mundo já devia ter se dado conta de que precisa de mais do que uma história pré fabricada, que não é impossível ser feliz sozinho e que tudo isso é uma baboseira que inventaram para vender música de corno, filme água com açúcar. E certos homenzinhos deviam se permitir crescer e perceber que mulheres sozinhas ou em grupo só de mulherzinhas muitas vezes querem ficar sozinhas mesmo, querem tomar uma cerveja, jogar conversa fora, falar mal da roupa alheia e, não raro, rir da cara dos idiotas que estão sentados na mesa ao lado, babando, crentes que são OS caras. Elas costumam comentar que alguém que não consegue se segurar geralmente tem um órgão sexual risível e, quando são abençoados pela natureza com algo que preste, não sabem usá-lo, ou não estariam se matando pra chamar a atenção do gênero oposto quando são acintosamente ignorados.

Ser mulher tá ficando difícil - e, sem ter outra opção, me resta ficar irritada. Antes era bacana estar com só as amigas e perceber a comoção que isso desperta, não mais. Sei que minha indignação é produto do cansaço, ou eu levaria na boa e me contentaria em considerá-los imbecis em silêncio, mas a humanidade tem me dado preguiça. E o gênero masculino anda me decepcionando mais que o esperado, já que nunca vou entender homens entre os trinta e os quarenta agindo como moleques. Até o meu idiota pessoal tem passado dos limites, e não há muito o que fazer a não ser vir aqui reclamar de que não posso tomar minha cerveja em paz...

quarta-feira, setembro 01, 2010

Mazelas de mulherzinha

Dizem que nós, mulheres, somos feitas de açucar e afeto. Mentira! Somos feitas de adoçante e chocolate meio amargo, isso sim! Além da ditadura da beleza ser um prego no calcanhar, todos os dias temos que lidar com muitas outras questões inerentes... Ser linda, ser legal, ser magra, ser companheira, ser bem humorada, ser boa de cama, ser bacana, não pegar no pé... Ah! quanto podemos aguentar?

Somos tão suscetíveis a cabeçadas inacreditáveis em pisos de piscinas vazias, nos arremessamos de prédios enormes e imaginários, gastamos horas de paciência e quilos de maquiagem pra engolir a seco todo tipo de vodka e patifaria que a alma masculina venha a inventar. Sim! porque eles são peritos em nos foder a mente! (ainda se fosse só o corpo...).

Mas estas somos nós... Todos pagando de mulherezinhas abandonadas e nos culpando interminavelmente pelos erros não cometidos. Somos todas as Marias, todas as Fernandas e todas as Camilas exalando desejo, querendo amar, prontas pra ser amada por dentro e por fora, por cima e de lado, mas não adianta.

Somos nós... Fortes e tolerantes... na medida do impossível. Somos nós. Mulheres guerreiras, que arrebentam a boca do balão, mas que caem em choros inconsoláveis atrás do volante do carro, sempre que algo dói e tudo que nos resta é dirigir de volta pra casa, com medo, raiva e vontade de dormir por 35 horas.

Dormir e acordar pra uma realidade dura e cheia de mazelas parece ser a prece do dia, para a qual todas nós devemos nos curvar, chorar e orar, enquanto rejeitamos doces e mousses, e pedimos encarecidamente aos céus: Deus, que o canalha que cruzar meu caminho hoje seja um pouco menos cruel do que o que cruzou no mês passado. E que meu colo siga quentinho e aconchegante, que eu me mantenha magra, linda, paciente e disposta com homens errados. Amém.

O som e a Fúria

Somos todos um grande coração, batendo desesperados, jorrando lágrimas... Eu enlacei, doei, sorri, beijei com toda força dos meus pulmões, olhava pra ele e ia cada vez mais forte e com mais força.

Estava acelerada, absurdamente envolvida, achando o sorriso dele a coisa mais perfeita de todos os tempos. Estava tão envolvida a ponto de rasgar meus papéis velhos, minhas fotos antigas, minhas lembranças em preto e branco... Mas ontem, pouco antes do mês de agosto dizer adeus, lá pelas 21h uma revelação paralisou meus impulsos... Ah!!!

Eu ali, sentada na cadeira bacana daquele bar descolado... ele ali a meu lado, e... travamos. Porque? Porque? Pra que? Eu quis correr desesperadamente pro colo da Fê, minha companheira aqui neste blog ou pro colo da Rê, minha irmã mais nova-mais velha, sempre com conselhos afiados e potentes.

Olha, juro, tinha um viço tão delicioso nos meus olhos, na minha pele, uma corrente elétrica correndo coluna abaixo, por pernas, braços e quadril... Um fogo, um arrepio, uma vontade, uma métrica afinando o barulho do mundo... E de repente...

Tudo que pôde se ouvir foi o estatelar da vidraça no chão. E os cacos seguem caindo agora, cortando, estatelando, estilhaçando no chão.



Nota Mental: PQP! porque ainda deixo coisas assim doerem em mim? Achei que agora, no alto dos meus 29 anos já fosse hora de parar com tantos desenganos... Porra! E quer saber? Talvez existam músicas que possam explicar o que houve, talvez soe mega batido, e talvez eu que seja uma eterna romântica idiota!

O beijo dele me entorpeceu... Não foi como os últimos beijos que andei dando por bares e encontros furtivos e enlouquecedores. Deliciosos, confesso, mas desde meados de janeiro que eu não sentia esse calor subindo pela dorsal... Formigando a ponta dos meus pés, arrepiando os fios novos na nuca. Foi tão bom sentir isso... Um envolvimento a este nível é tão raro... Tão enlouquecedor... E hoje... setembro começou com um gosto de desilusão.