domingo, outubro 24, 2010

INSTANTÂNEOS DAS NOSSAS HISTÓRIAS

Chegamos aos 30, nós 3. E aí, parece que, de repente 30! Não foi assim, claro. A gente já se fodeu muito por essa vida - e já gozou horrores, vamos combinar! Mas não estamos satisfeitas: somos inconformadas crônicas, rebeldes com causas perdidas, exigentes à beira da histeria. Falo com conhecimento de causa, das 3! E falo muito mais por mim: arrumo defeito em tudo, só vejo graça naquilo que não vai dar certo e é fato que a gente tem um alarme interno que toca uma sirene ensurdecedora quando estamos diante de algo que não vai dar certo. E meu alarme não veio com defeito (nem os delas, tenho certeza), a fábrica não tem culpa. Mas tudo é a maldita teimosia! O alarme toca, as luzes piscam, e eu ignoro solenemente todos os avisos - nós ignoramos!


Passamos tempo demais sonhando com um príncipe para percebermos que ele pode estar escondido atrás de um sorriso cínico, ou de uma personalidade crítica demais. Buscamos uma perfeição que nós não temos, um cavalo branco e armadura dourada - não raro nos contentamos momentaneamente com ogros, mas mesmo eles dão trabalho! Anos e anos de experiência em fracassos retumbantes são incapazes de melhorar nossa performance, acentuam a miopia afetiva e nos empurram rumo ao abismo existencial. E uma melancolia profunda nos leva pra cama mais cedo, a cada sexta a noite.











Hoje percebo que cada uma está metida em seus dramas pessoais, entrelaçados por assuntos comuns. Eu penso que sou mais prática, vou lá e vivo o que for necessário - justamente por isso me esborracho mais vezes e vivo enchendo o saco, os olhos e os ouvidos delas com histórias repetitivas. Mesmos padrões, milhares de similaridades. Elas também se repetem, não sei como não reiventamos a nós mesmas já que somos mulheres maravilha em nossos espaços, coringas quando ninguém mais tem soluções mirabolantes pra empresa, pra família, pra infiltração que destrói há meses as paredes do apartamento. E nós 3 analisamos. Incansavelmente. Da mesma forma que perco o tempo aqui, buscando motivos, elas rolam pra todos os lados, com ou sem paciência, querendo respostas.

Eu gosto do meu quarto

Do meu desarrumado

Ninguém sabe mexer

Na minha confusão

É o meu ponto de vista

Não aceito turistas

Meu mundo tá fechado

Pra visitação... (Danni Carlos)

As vezes acredito que não crescemos, não estamos prontas para aceitar algo que não seja platônico. Que só desejamos o ideal pelo simples fato de sabermos que isso não existe. Temos preguiça de gente, e somos 3 pessoas difíceis. Descoladas, NERDS, agitadas, mais comprometidas profissional do que afetivamente, com altos e baixos separados por abismos que ninguém consegue transpôr. Olho pro espelho e me pergunto onde está a guria que, faz 10 anos, topava correr atrás do que pensava ser amor. Imagino a razão para elas - profissionais de sucesso, mulheres lindas e absurdamente interessantes - travarem se não há um tapete vermelho estendido. Vamos atrás de tudo o que queremos, mas nossos objetos de desejo romântico são capazes de nos fazer congelar. Elas são minhas amigas e eu não as conheço como deveria, elas não se conhecem como deveriam e eu continuo sendo um mistério pra mim mesma.

Um caso perdido...

2 comentários:

  1. Não devia ser motivo de chacota chorar no meio de uma sala cheia de gente... e eu quero fazer isso agora!!!
    Mas eu não tenho coragem...

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  2. Não sei pq ainda me impressiono qdo me leio nos seus escritos... Isso acontece ha tantos anos q ja deveria ter me habituado.. :)
    To temporariamente sem computador, com o cel so quebrando o galho, mas adorei vc ter se lembrado de me marcar no post :)
    Bjks, miga querida..

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