quinta-feira, outubro 28, 2010

Sobre o amor e a filosofia de Rock Balboa

Ainda bem que nunca disseram que eu pareço uma boneca. Muito menos uma boneca de porcela. Se fosse, a essa altura da história eu já estaria no lixo de tão partida, colada, partida, quebrada e inutilizada. É tanta porrada nessa vida, que eu penso, honestamente, que não vou suportar todo esse turbilhão de coisas que acontecem sempre, de uma maneira tão viciada, que me fazem ter preguiça de existir. Me fazem ter vontade de abandonar a socialização e voltar para o meu quarto e os meus livros como sempre aconteceu.


Hoje eu fui tomada de assalto por uma tristeza tão grande. Eu quase chorei na frente do computador. Na verdade, eu chorei duas lágrimas tímidas enquanto eu assumia para minha amiga que sentia inveja dela e das coisas tortas que aconteciam com ela. Porque é o nada que acontece comigo. Todas as noites, na rotina torpe, seguirei para casa, encontrarei os amigos como se estivesse num pastiche de vida. Meus amigos. E o nada. E o nada é a pior coisa que pode acontecer na vida de uma pessoa.


Não que esteja desfazendo dos meus amigos. Mas eu confesso e assumo que eu gostaria de um pouco de romance na vida. De romance e do jeito que eu gostaria uma vezinha. Gostaria de ser escolhida, uma vezinha. Porque o papel da preterida eu sei de direitinho. Todas as falas. Todas as deixas. Todo o figurino. Tudo...


Eu queria alguém que conseguisse olhar nos meus olhos com a mesma intensidade. Que lesse meus pensamentos, como se ouvisse meus desejos, naquela sintonia que a gente tem quando se apaixona. Eu queria repousar sobre os seus braços novamente, enquanto espero o dia amanhecer lentamente pela janela. Eu queria repousar sobre o seu cheiro no travesseiro. Mas já sabemos que não é possível.


Como a boneca que não sou, vou juntar os cacos que sobraram de mim e tentar colar de uma maneira a ser mais resistente menos vulnerável. Mas eu não desisto. Eu sei que o mundo não é feito de arco-íris. O Rock Balboa me disse. Ele disse também que a vida é um lugar ruim e duro. “E não importa o quão forte seja, vai colocá-lo de joelhos e vai deixá-lo lá. Ninguém vai bater mais forte que a vida. Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha."

Um comentário:

  1. E o mundo nem é condescendente. E a gente nem precisa da benevolência alheia, mas não cairia mal deixar de ser saco de pancadas.

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