segunda-feira, novembro 22, 2010

superlativos

"...we both know hearts can change
and it's hard to hold a candle
in the cold november rain..."
guns'n roses, november rain



Até onde eu me lembro, toda mocinha que morava na minha rua queria casar. Eu devia querer, também, mas disso eu não me lembro. Minhas lembranças acerca de casamentos são turvas, um pouco viciadas, até. Sempre associei esse contrato civil entre duas partes com infelicidade: vovó tinha um casamento de aparências, mamãe - outra geração, mais suporte e mais coragem - mandou o dela às favas, antes que se tornasse uma grande dor de cabeça (e quem conhece meu pai tem idéia do potencial que a relação tinha pra descer ladeira abaixo!). Minhas tias, ou vivem relações mal resolvidas e mantidas pelo conforto e a comodidade, ou foram saídas de relações que, ainda hoje, são mal resolvidas. Minha geração da família, depois de tanto bom exemplo, acho que desistiu da vida. Saímos da casa dos pais, temos filhos, carro, empregos respeitáveis e somos todos solteiros convictos!
Definitivamente não daria pra me culpar por achar que a instituição casamento está à beira da falência, dado o extenso e fracassado histórico familiar, mas o que me estressa não é o fato de conhecer uma penca de gente de meia idade afundada em relacionamentos pouco satisfatórios, isso era até de se esperar. O que me exaspera é perceber pessoas como eu, pessoas que querem e merecem ser felizes - gente que paga impostos, não joga lixo na rua, que para o carro no sinal vermelho, que tem amigos de infância, que fica mais de 4 anos no mesmo emprego - chegarem à brilhante conclusão de que, nesses tempos difíceis, ganhar dinheiro é mais importante que ser feliz, e que é normal estar numa relação com alguém que te leva nessa direção!
Eu nunca tive a pretensão de entender as motivações da humanidade, mas - PORRA! - não pensei que as pessoas fossem tão estranhas! E tudo isso em nome do casamento??? Tipo, "você pouco se importa se eu sou feliz, mas tudo bem porque nós somos casados e a minha vida vai continuar a ser miserável, já que o que Deus (e ainda colocam o santo nome de Deus no meio!!!) uniu, homem nenhum separa". Eu nunca, NUNCA vou entender - e, nesse caso, NUNCA não é tempo demais! Acho que a minha resistência não é trauma pelos dramas familiares, mas um tipo de prevenção contra a hipocrisia.



"...it's a bitch, but life's a roller coaster ride
the ups and downs will make you scream sometimes
it's hard believing that the thrill is gone
but we got to go around again, so let's hold on
if you don't love me - lie to me..."
bon jovi, lie to me


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